Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

domingo, janeiro 31, 2010

Referência engraçada ao Conde de Castelo Melhor

http://www.urqueira.com/Historia.htm



Freguesia de Urqueira, Concelho de Ourém

«Aqui nesta freguesia, no lugar do Estreito, passou-se há 300 anos um episódio que ficou nos anais da região e que foi dado a conhecer por Frei Agostinho de Santa Maria no seu “Santuário Mariano”. O conde de Castelo Melhor, D. Luís de Sousa e Vasconcelos, também primeiro ministro de Afonso VI, após ter perdido o valimento junto do novo monarca, D. Pedro II, irmão do anterior, a quem depôs, fugiu disfarçado acabando por encontrar refúgio nesta aldeia.

Algum tempo decorrido, três cavaleiros provenientes de Lisboa, de passagem por ali, surpreenderam-no quando acompanhava um lavrador que conduzia uma carrada de mato. Ao notar o interesse que os cavaleiros mostravam por si, afastou-se sorrateiramente, seguido pelo lavrador, que descarregou sobre ele todo o mato que transportava, frustrando assim os intentos dos cavaleiros que acabaram por se afastar.

Saído do esconderijo, D. Luís atribuiu o caso à intervenção de Nossa Senhora do Testinho, de cuja imagem, oferecida pelas religiosas de Santo Alberto de Lisboa, jamais se apartava. O conde fugiu do País, mas, quando anos mais tarde regressou, quis pagar a dívida contraída com Nossa Senhora do Testinho, ao defender-lhe a vida no esconderijo do Estreito. Então, como conta o “Santuário Mariano”, o conde “mandou levantar neste sítio uma ermida a Nossa Senhora, e nela mandou colocar uma imagem sua de madeira estofada, com o Menino Deus sentado sobre o braço esquerdo, a qual faz de estatura três palmos e meio, compondo a ermida de todos os ornamentos necessários, consignando renda própria para a sua fábrica”. Além de entronizar a imagem na ermida, o conde mandou gravar uma inscrição em latim, evocativa, e do ano de 1687.»


A freguesia de Urqueira, de Ourém, liga com a de Albergaria dos Doze, de Pombal, por cima do túnel dos caminhos de ferro. Há poucos anos ainda estava um marco divisório das freguesias, mesmo por cima do túnel não muito longe de dois tubos de arejamento. Estive lá várias vezes em rapazola e mais tarde já com os meus filhos ou sozinho.

O tal D.Luís de Vasconcelos foi um excelente político no seu tempo e sê-lo-ia ainda hoje, dada a sua inclinação às promessas.



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sábado, janeiro 30, 2010

Ainda as Obras da Igreja do Cardal

A pergunta de ontem sobre se havia sepulturas na Igreja do Convento era retórica, pois é óbvio que houve. Até o nosso querido marquês lá repousou durante cinquenta e seis anos, creio. O 3.º Conde de Castelo Melhor, fundador e principal pagador da construção do Convento, também provavelmente lá quis ser sepultado.
Segundo o livro «Pombal, 8 Séculos de História», de Joaquim Videira Eusébio, Ed. da Câmara Municipal de Pombal, Exemplar de lançamento, lê-se o seguinte, a pgs. 286:
«Aos quinze dias de Outubro (de 1768), faleceu Maria, infante e filha de João Novais de Sá, administrador da Fábrica dos Chapéus, foi sepultada na igreja do Convento...»
Arquivo Distrital de Leiria, Livro de Óbitos de Pombal, 1746/1772, fls. 245.

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sexta-feira, janeiro 29, 2010

Em Lisboa, no ano em que eu nasci

29 - Sábado - Entrou no Tejo uma divisão naval alemã, sob o comando do Almirante Marschall que foi recebido pelo Chefe de Estado, em Belém.

Em Anais do Município de Lisboa (1938)
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt

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Só em Pombal é que nada.


A RTP1, hoje, nas notícias da manhã, do Bom Dia Portugal, contava que, na Igreja de Ferreira do Alentejo, em obras de beneficiação e pintura, tinham sido achados vestígios de que a Igreja era, pelo menos, 200 anos mais velha do que se julgava e ,em pelo menos uma parede, em vez de mais uma camada de tinta, especialistas iam começar, cuidadosamente, a levantar, camada sobre camada, para descobrirem a parede e pinturas primitivas.

Aqui em Pombal, é que nunca se encontra nada ou querem-nos fazer crer que nunca se encontrou nada. Começaram obras na Igreja do Cardal. Como costume ninguém sabe realmente o que se vai fazer. Parece que o soalho vai ser melhorado e talvez mexam também em alguns altares de algumas capelas interiores. Há sepulturas no interior da igreja? Estão identificadas com brasões de família ou outras lápides? Muito provavelmente, sim. O que não sabemos é se alguém, especialista em património do bispado de Coimbra, lá irá estudar quaisquer vestígios arqueológicos ou artísticos e, pelo menos, deixá-los descritos se não puderem ser salvos.

Deixemos a arquitectura religiosa, passemos à militar: obras de reabilitação do Castelo.

Foi alterada a zona não edificanda da Zona Exclusiva (ou Especial) de Protecção. Houve movimentações de terras e vão certamente haver mais. Sabemos quase nada sobre a ocupação do morro do castelo na época pré-romana, romana, visigótica, arábica e cristã da Idade Média, previram-se pesquisas arqueológicas durante estas obras para evitar que vestígios únicos fossem definitiva e irremediavelmente perdidos?

À semelhança das obras da Praça Velha que Deus tem, parece-me que não.

Os pombalenses continuam a assistir, impávidos e serenos, à destruição do seu, mesmo que hipotético, património histórico.


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