Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

quinta-feira, setembro 08, 2011

A ÚLTIMA DO PÚBLICO

Quando leio o Público, e leio-o todos os dias, começo sempre pela última página.
As notícias enojam-me por tão repetitivas. Preciso de dar algum ar fresco aos neurónios que me restam.
Hoje, Pedro Lomba, faz uma incursão nas expectativas dos jovens e aponta as grandes incógnitas da abertura do ano académico e do futuro e compara-as com algumas certezas de há vinte anos.
Se o articulista em questão fosse da minha idade, saberia como nos anos cinquenta do século passado, o futuro surgia muito mais nítido a um jovem que completava o curso liceal. Saberia que só os jovens filhos de pais ricos podiam ser universitários a tempo inteiro. Os outros tinham de ter um ofício e estudar por sua conta e risco nas grandes universidades dos jovens do meu tempo que eram as bibliotecas públicas de Lisboa, em horário nocturno. Quantos serões me apanharam no Palácio das Galveias, no Campo Pequeno. Foi lá que pude contactar com os grandes da Literatura, da Filosofia, da Psicologia, da História de que ouvira falar, ou lera pequenos textos, enquanto andara no liceu. Embora já sonhasse ser professor, só depois da tropa (Serviço Militar Obrigatório, que nunca devia ter sido extinto) pude tirar o curso. E o meu pai logo me foi dizendo: com o tecto, roupa como a nossa e a comida podes contar, o resto tens de ser tu a procurar.
Se o Estado Novo nasceu com a Constituição de 1933, eu sou mais novo cinco anos do que o Estado Novo. Sei que havia uma certeza: com estudo, esforço e trabalho chega-se onde se quer. Hoje, esse conceito está completamente pervertido, ninguém sabe com o que pode contar.
Gosto sobremaneira das últimas linhas do artigo; que apontam elas próprias um devir e um dever: «Não existe sucesso sem uma descida ocasional aos infernos. - Se for preciso, desistam.
Pensamos muitas vezes na educação como uma experiência vitoriosa. Acontece que pode ser uma derrota libertadora. Portas que se fecham, mudança de trajectória. E o mais curioso disto é que ainda bem. Aprender seriamente significa ficar exposto a uma derrota possível, a um erro possível. O que não tem de ser um problema. Conheçam as vossas fronteiras.»
Pedro Lomba - Público, 2011-09-08.
Ámen.

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sexta-feira, setembro 02, 2011

AMORES & MÚSICA


De onde me terá vindo ou ficado, esta cisma de identificar as mulheres que amo ou alguma vez amei, com peças musicais. Esta foi uma das mulheres mais sensuais que eu já amei, sempre platonicamente, a coisa mais próxima de sexo que fizemos foi um terno e longo beijo nos lábios, trocado de fugida atrás da porta de uma sala, no escritório de uma Empresa, em Lisboa. Mas ficou. E vai comigo para a cova como um dos muitos actos de amor que não pratiquei e apenas existem na minha saudade. O raio do homem que é mesmo parvo!

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