Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

domingo, outubro 08, 2006

Hoje acordei misantropo!

Há um humorista maldito no panorama das letras portuguesas, José Vilhena, que no meu modesto entender devia ser considerado um dos mais honestos filósofos que o nosso país já conheceu.

Chamam-lhe ordinário, grosseiro, obsceno, mas parece-me que a sua visão do Homem e da Humanidade é duma clareza quase divina.

A sua “História Universal da Pulhice Humana” é das abordagens mais sérias que alguma vez li sobre a sociabilização do Homem, a maneira como a política e a religião se têm unido aos ricos e aos poderosos para tramarem a restante humanidade.

Não sei o que é feito desse Homem. Provavelmente vive algures envelhecido e cheio de achaques, esquecido pelos democratas de pacotilha [suponho eu mas posso estar enganado] que tomaram conta dos destinos do País. Ainda me lembro, nos tempos da “Outra Senhora”, das temporadas que ele passava na cadeia, das obras que lhe foram apreendidas, das que, mesmo assim, esgotavam quase antes de saírem da tipografia e da alegria e gozo com que se liam os seus livros e se admiravam os seus “bonecos”.

Como a nossa “sociedadezinha” precisava de “Zés Vilhenas”, de “Gis Vicentes” e de outros, para aos menos o Povo sentir que alguém gozava os Grandes em seu nome. O Inimigo Público (suplemento do «Público») é bom mas é excessivamente elaborado para a compreensão imediata do Zé-povinho.

A nossa classe dominante está a precisar urgentemente de um “Zurzidor” a sério!

Claro que se aparecer, vai passar muito tempo “à sombra” mas quem foi que julgou que a democracia tinha mais sentido de humor que a ditadura?