Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

sexta-feira, novembro 17, 2006

Numa caixa de sapatos

Ontem acabei de ler “As pequenas Memórias” de Saramago. Hoje, não por isso certamente, acordei num grande desencantamento. Eu, que ando sempre de bem com a vida, hoje acordei desagradado de mim e do mundo. Misantropo.

O livro foi um instantinho enquanto ficou lido. Mas não me soube particularmente bem. Esperava mais e melhor. É-me relativamente difícil ler memórias (é capaz de ser também bastante difícil escrevê-las), mas é, esperava mais… Depois d’ “As Intermitências da Morte”, de “Todos os Nomes” e do “Memorial do Convento”, que li todos de enfiada, parecia-me que estas memórias deveriam ser um livro mais elaborado. Não, parece que foi redigido à pressa como se o fito principal fosse aparecer ao público numa determinada data. Assemelha-se a uma manta de retalhos em que as costuras que os ligam tivessem sido atabalhoadamente cosidas. Mas os retalhos são muito bonitos.

O mais lindo, para o meu gosto, é o dos bacorinhos mais fracos, acolhidos nas noites frias, pelos avós, na sua própria cama. Este episódio lembra-me um cá de casa:

Eu e a minha mulher, além dos filhos, já criámos duas cadelinhas recém-nascidas abandonadas, que nos obrigavam a levantar de três em três horas para lhes darmos o biberão e dormiam as duas dentro de uma peúga. Mais tarde dormiram também connosco na cama. Uma de cada lado de nós os dois…

Foi o meu filho mais novo, então adolescente, que no-las trouxe, numa noite fria e chuvosa de Novembro, para casa. Tinha-as encontrado numa caixa de sapatos numa travessa da cidade, e à chuva… Bons tempos!

1 Comments:

At 7:02 da tarde, Blogger Márisa said...

Ainda não tive oportunidade de ler nada do Saramgo! É uma vergonha! Eheh. Mas é verdade! Mas assim que tiver um tempo livre penso nisso!

 

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