Textos sobre o aborto VII
Saturno Devora a su Hijo
Francisco de Goya
Diz quem defende a legalização do aborto que a mulher deve ter a liberdade de decidir quando quer ter filhos e quantos filhos quer ter. Concordo.
Esta liberdade pode ser exercida de duas maneiras:
- Evitando/interrompendo gravidezes indesejadas;
- Engravidando quando for seu desejo, sem pressões nem intromissões de outrem.
Esta liberdade existe hoje em dia? Infelizmente, não. Esta liberdade existirá se o aborto for legalizado? Infelizmente, também não.
É certo que a legalização do aborto irá beneficiar quem queira abortar. Mas irá prejudicar as mulheres que, querendo ter filhos, são pressionadas a evitá-los – se necessário, recorrendo ao aborto.
Há mulheres pressionadas a abortar? Há. Só que estas pressões, na sua maioria, não começaram com a gravidez, nem se extinguirão após o aborto. A generalidade das mulheres sente-as todos os dias, e senti-las-á até deixar de ser fértil. Legalizar o aborto sem primeiro combater estas pressões pode fazer perigar, ainda mais, a referida liberdade.
Gostemos ou não, vivemos numa sociedade hostil à maternidade. Insustentável a prazo. Vivemos numa sociedade discípula de Saturno, e que encontrará na legalização do aborto mais uma forma de lhe prestar tributo.
Carlos Carvalho
http://cesaredama.blogs.sapo.pt/
Etiquetas: Aborto
7 Comments:
Mas desde quando é que uma lei que DESPENALIZA o aborto obriga uma mulher a abortar?!
Querida Maria Ostra, ninguém disse que era a Lei que obriga. O que eu e outros dizem é que a sociedade não devia pressionar, pelo estilo de vida, pelas dificuldades laborais, pelas falhas relacionais, as mulheres a abortarem!
Leis de protecção do trabalho e da maternidade é que seriam a verdadeira cura para o aborto provocado.
Prof: imagine uma mulher na frieza de uma sala sem condições e sem nenhuma palavra amiga. É uma realidade horrível e ainda com todas as consequências que daí advêm. Acha mesmo que uma mulher passa por isso porque quer? Se alguma vez teve medo acredite que é isso. Então saberá.O que agora se defende não é a facilidade de se abortar mas sim a possibilidade dentro de determinadas regras de poder ser assistida como merece qualquer ser humano.
In Heaven everything is fine...
Mas tem todo o direito a ter a sua opinião, of course.
"Acha mesmo que uma mulher passa por isso porque quer?"
Este é precisamente o ponto em questão. Porque só as mulheres que querem abortar é que irão ser beneficiadas pela alteração da lei.
Se nenhuma mulher quer abortar, então não podemos falar de aborto a pedido. Nestes casos, a legalização do aborto pode ajudar a resolver o problema acessório (abortar em condições), mas nada faz para resolver o problema principal (mulheres obrigadas a abortar). Estamos a atacar com aspirinas um problema que exige antibióticos. Aliviamos os sintomas, mas corremos o risco, com esse alívio, de estar a negligenciar a cura.
Independentemente da nossa posição, não podemos ver só os benefícios da alteração à lei. Temos que analisar também os seus malefícios. Um exemplo: apesar de hoje o aborto ser proibido, há patrões que pressionam (obrigam?) as empregadas a abortar. Se o aborto for legalizado, irão estes patrões desaparecer ou, pelo contrário, multiplicar-se?
Caro Professor: é sempre gratificante ver um texto nosso publicado num blogue que apreciamos. Agradeço-lhe por isso a citação.
Que argumento rideiculo, CC!!!
Dá vontade de rir!
Cara ana: está no seu direito de achar o meu argumento ridículo. Mas, a bem do debate, gostaria que me dissesse porquê.
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