Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Textos sobre o aborto VII

Discípulos de Saturno

Saturno Devora a su Hijo

Francisco de Goya





Diz quem defende a legalização do aborto que a mulher deve ter a liberdade de decidir quando quer ter filhos e quantos filhos quer ter. Concordo.

Esta liberdade pode ser exercida de duas maneiras:

- Evitando/interrompendo gravidezes indesejadas;

- Engravidando quando for seu desejo, sem pressões nem intromissões de outrem.

Esta liberdade existe hoje em dia? Infelizmente, não. Esta liberdade existirá se o aborto for legalizado? Infelizmente, também não.

É certo que a legalização do aborto irá beneficiar quem queira abortar. Mas irá prejudicar as mulheres que, querendo ter filhos, são pressionadas a evitá-los – se necessário, recorrendo ao aborto.

Há mulheres pressionadas a abortar? Há. Só que estas pressões, na sua maioria, não começaram com a gravidez, nem se extinguirão após o aborto. A generalidade das mulheres sente-as todos os dias, e senti-las-á até deixar de ser fértil. Legalizar o aborto sem primeiro combater estas pressões pode fazer perigar, ainda mais, a referida liberdade.

Gostemos ou não, vivemos numa sociedade hostil à maternidade. Insustentável a prazo. Vivemos numa sociedade discípula de Saturno, e que encontrará na legalização do aborto mais uma forma de lhe prestar tributo.

Carlos Carvalho

http://cesaredama.blogs.sapo.pt/

Etiquetas:

7 Comments:

At 5:04 da tarde, Blogger Maria Ostra said...

Mas desde quando é que uma lei que DESPENALIZA o aborto obriga uma mulher a abortar?!

 
At 5:24 da tarde, Blogger Professor said...

Querida Maria Ostra, ninguém disse que era a Lei que obriga. O que eu e outros dizem é que a sociedade não devia pressionar, pelo estilo de vida, pelas dificuldades laborais, pelas falhas relacionais, as mulheres a abortarem!
Leis de protecção do trabalho e da maternidade é que seriam a verdadeira cura para o aborto provocado.

 
At 7:21 da tarde, Blogger Afectos said...

Prof: imagine uma mulher na frieza de uma sala sem condições e sem nenhuma palavra amiga. É uma realidade horrível e ainda com todas as consequências que daí advêm. Acha mesmo que uma mulher passa por isso porque quer? Se alguma vez teve medo acredite que é isso. Então saberá.O que agora se defende não é a facilidade de se abortar mas sim a possibilidade dentro de determinadas regras de poder ser assistida como merece qualquer ser humano.

 
At 8:24 da tarde, Blogger Maria Ostra said...

In Heaven everything is fine...
Mas tem todo o direito a ter a sua opinião, of course.

 
At 11:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"Acha mesmo que uma mulher passa por isso porque quer?"

Este é precisamente o ponto em questão. Porque só as mulheres que querem abortar é que irão ser beneficiadas pela alteração da lei.

Se nenhuma mulher quer abortar, então não podemos falar de aborto a pedido. Nestes casos, a legalização do aborto pode ajudar a resolver o problema acessório (abortar em condições), mas nada faz para resolver o problema principal (mulheres obrigadas a abortar). Estamos a atacar com aspirinas um problema que exige antibióticos. Aliviamos os sintomas, mas corremos o risco, com esse alívio, de estar a negligenciar a cura.

Independentemente da nossa posição, não podemos ver só os benefícios da alteração à lei. Temos que analisar também os seus malefícios. Um exemplo: apesar de hoje o aborto ser proibido, há patrões que pressionam (obrigam?) as empregadas a abortar. Se o aborto for legalizado, irão estes patrões desaparecer ou, pelo contrário, multiplicar-se?

Caro Professor: é sempre gratificante ver um texto nosso publicado num blogue que apreciamos. Agradeço-lhe por isso a citação.

 
At 9:16 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Que argumento rideiculo, CC!!!
Dá vontade de rir!

 
At 8:19 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Cara ana: está no seu direito de achar o meu argumento ridículo. Mas, a bem do debate, gostaria que me dissesse porquê.

 

Enviar um comentário

<< Home