Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

quinta-feira, abril 05, 2007

Visita Frustrada ao Museu Municipal













Por qualquer razão tropecei num pequeno apontamento que, num caderno já de há algum tempo, eu tinha tomado sobre um objecto manuelino do Museu Municipal do Marquês de Pombal que tinha comentado com o Professor Eusébio, autor do livro “ Pombal, Oito Séculos de História”.
Ambos nos tínhamos admirado que estivesse no Museu Marquês de Pombal uma peça manuelina, datada e em estado muitíssimo bom.
O meu texto era o seguinte:
«”Um objecto de uso corrente manuelino”
Uma das peças mais interessantes do Museu Municipal Marquês de Pombal não tem nada a ver com o nome do museu. É uma peça linda, datada e misteriosa.
Maravilhamo-nos perante as sucessivas aparições de bonecas russas, muito coloridas, umas de dentro das outras cada vez mais pequenas.
Desta peça também se soltam sucessivos, idênticos e cada vez mais pequenos vasos encaixados.
É um artefacto de bronze belamente decorado com o característico barroquismo manuelino – esferas armilares, cordas, nós. Os caracteres da data, mil quatrocentos e noventa e nove (um ano após a chegada de Vasco da Gama à Índia) são lindos caracteres “góticos” [1499] (muito mais decorativos do que eu aqui consigo indicar).
Para que serviria?»
Foi aqui que observando o conjunto de vasos encaixados, eu e o Dr. Eusébio presumimos que seria uma ferramenta de almotacé.
O almotacé era o funcionário municipal encarregado de velar pela aferição dos pesos e medidas usados no comércio (feiras e mercados) e concomitantemente fiscalizar preços e margens de lucro. Cobrava também as taxas devidas pelas transacções comerciais.
Como entretanto esta relíquia (parece que só se conhece outra provavelmente guardada em Barcelos) deve ter sido transferida para as novas instalações do Museu e enquanto esteve exposta no espaço museológico dos Paços do Concelho eu pude manuseá-la vários vezes na presença da então curadora do Museu, D. Maria Helena Pessa, mas, embora chegasse a ter agendada uma sessão fotográfica desta “Caixa de Aferição de Medidas”, nunca pude, por outros compromissos, executar tais fotografias.
Hoje não era feriado e por isso, embora à boa maneira pombalense estes espaços de cultura tenham horários de repartições públicas de atendimento burocrático, eu dirigi-me ao Museu para confirmar a presença da peça e possivelmente fotografá-la, nas suas modernas instalações.
Nada feito. Tudo fechado e sem qualquer, – nem que fosse uma folhinha de A4 afixada com fita-cola, – razão plausível para a seu encerramento. «Que cartão de visita se fosse um turista ou um grupo de visitantes que quisesse examinar ou admirar um dos poucos locais de turismo cultural existentes no Concelho!»
Logo a seguir, já na Rua Direita, encontrei a minha amiga e colega Zulmira do Canto, com quem comentei e nos rimos, mais uma vez, destas atitudes da Câmara de Pombal. {Atenção ri-me da Câmara e não do Presidente, porque, nos termos da Constituição da República, a Câmara é um órgão colegial, logo co-responsável pelos actos cometidos}
Na impossibilidade de visitar o museu, tentei informar-me na secção de apoio ao museu, sita na rua do lado oposto. Aqui, como havia luzes acesas e ruído de vozes no seu interior, toquei repetida e malcriadamente às várias campainhas. Nada, ninguém se dignou atender à porta. No entanto, sobre uma mesa na parece do fundo repousava acusadoramente uma mala de senhora e um saco de plástico verde...
Pobre actividade turística de Pombal como poderá ser rentável?
Saberá a edilidade que, por exemplo, o mais lucrativo monumento nacional arrecada cerca de 1 300 000 € por ano em entradas, eventos, animação e merchandising? Que esperamos? Que os “engenheiros empreiteiros” acabem definitivamente com a cultura na nossa terra?

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3 Comments:

At 1:24 da manhã, Blogger Klatuu o embuçado said...

Enfim... o costume!!

Abraço.

 
At 8:34 da tarde, Blogger Diabba said...

raios... grunffff... (cuspinhando enxofre)

Fiquei toda curiosa, até sou capaz de arriscar uma ida ao Pombal só pa ver a tal peça!

Mas... o Museu tb fecha ao fim de semana??

Beijos d'enxofre

 
At 2:07 da tarde, Blogger Paula Sofia Luz said...

Está, portanto, tudo normal no Pombal ocidental.

 

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