Ladranzanas, ladravazes, ladrões, ladranetes e ladriscos

O que mais me apetece fazer nos tempos que vão correndo é desligar de vez o televisor, esquecer os jornais, nem sequer as gordas ler…
A visão do mundo e das pessoas que estes meios de comunicação fornecem é demolidora. Mas não merece a pena, mesmo que eu não saiba, mesmo que ninguém saiba a sacanice do ser humano vai continuar em crescendo.
Parece que um pesado véu de loucura desceu sobre a humanidade: mães que assassinam os filhos, professores que dão facadas em alunos ou vice-versa, namoradas que lançam ácido sobre os conversados e os desfiguram ou matam, maridos que cobrem de pancadas as esposas até que morram, ladranzanas, ladravazes, ladrões, ladranetes e ladriscos por todos os lados e por qualquer coisa, grandes criminosos que são políticos e grandes políticos que são criminosos, empresários que mandam em políticos e políticos que favorecem empresários, empresários que são políticos e o contrário, enfim, parece que só não é desonesto quem não pode. Dêem-se as mesmas oportunidades a todos e todos se tornarão corruptos.
Mas parece que sempre assim foi. Quando lemos livros de História verificamos que, as coisas de que nos queixamos, foram sempre problemas de todas as épocas – algumas das estátuas das nossas aldeias, vilas e cidades, que homenageiam heróis, homenageiam simultaneamente o grande criminoso, o grande matador de homens, mulheres e crianças que esse mesmo herói foi. Há, mesmo nas mais angélicas almas, recônditos de horror.
Pois é chegamos sempre à inevitável pergunta: o que torna o Homem verdadeiramente Homem? O Homo sapiens existe ou é só uma forma envernizada de um símio mais evoluído? O que é a Cultura? O que é a Sociedade? Foi o Homem que as criou ou são elas que estão criando o Homem?