Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

segunda-feira, julho 07, 2008

BAIRRO AGORRETA


Embora “O Correio de Pombal” de 3 de Julho, na sua página n.º 9, afirme que Narciso Mota, à margem de uma conferência de imprensa, tenha anunciado que o Bairro Agorreta não vai ser parte integrante do recinto das festas do “Bodo”, eu espero para ver. É que a palavra dos políticos é isso mesmo: palavra de político!



Assim, transcrevo aqui no blogue, o artigo de opinião que escrevi para “O Correio de Pombal” e que foi publicado no n.º de 26 de Junho:


Moradores do Bairro Agorreta em potencial

PRISÃO DOMICILIÁRIA


Já há alguns anos que existe entre os moradores do Bairro Agorreta a sensação de serem cobaias de experiências urbanísticas da Câmara. Pensou-se já, até na criação legal de uma Comissão de Moradores, para poder negociar como parceiro social com a prepotente , cada vez mais ensoberbada Câmara Municipal de Pombal.

Numa cidade em que os espaços públicos livres são tão exíguos é preocupante que espaços arborizados tenham sido sistematicamente diminuídos para gerarem construções de edifícios, alguns públicos outros outorgados a entidades privadas, limitando cada vez mais os terrenos disponíveis pela, chamemos-lhe, autarquia dedicar a acessos e parqueamento automóvel livre, espaços verdes de desfrute colectivo, instalações, não necessariamente impermeabilizantes do solo, para usufruto, recreio ou lazer de todo o conjunto de cidadãos, munícipes ou visitantes, que os queiram utilizar.

O Correio de Pombal publicou no seu número de 12 de Junho um artigo que intitulou: «Bairro Agorreta “teme” o Bodo» em que a Pombal Viva (quem será tão famigerada e falada senhora?) esclarecia dúvidas dos comerciantes.

Por que dos comerciantes? Só eles é que pagam impostos? Os proprietários dos apartamentos não pagam IMI, os inquilinos não pagam rendas conforme o RAU, nada baixas e todos os anos aumentadas em percentagem superior à inflação efectiva?

Porquê então o esclarecimento de dúvidas aos comerciantes como se eles fossem os únicos interessados e prejudicados com o isolamento forçado do Bairro Agorreta?

Então eu que para fugir ao barulho e à balbúrdia do trânsito na cidade, todos os anos abandono a cidade na época do Bodo, vou ter de ir para a fila da Câmara para obter um “Salvo Conduto” para que alguém durante aquele período me venha tratar das plantas e dos animais?

Eu que sei que todas as filas e locais de espera da Câmara se assemelham à bicha para a “Sopa dos pobres” nos bairros mais miseráveis das grandes metrópoles; principalmente os infelizes que esperam no corredor para receberem a esmola do atendimento do senhor presidente que, pela porta do seu gabinete de apoio, recebe os VIPS que ele próprio escolhe. Vou assim ingloriamente desperdiçar o meu tempo de liberdade?

Resta-me contribuir com 1€ por visita aos canários ou para a rega das plantas, para que o deficit das festas não seja tão grande!

Mas será que o meu senhorio me vai descontar da renda mensal do meu apartamento os dias que eu não pude usufruir dum bem que tomei de renda? Será que os proprietários dos imóveis e apartamentos vão ser ressarcidos do IMI pago pelos dias do ano em que também não tiveram livre acesso aos seus bens sobre os quais pagam impostos?

O Bairro Agorreta é uma zona residencial e é bom que, de uma vez por todas, as actividades lúdicas e desportivas que nele se realizam sejam regulamentadas de acordo com as Leis, Decretos-leis, Despachos e demais diplomas legais que velam pelo repouso e sossego dos moradores. Nem os senhores da Câmara Municipal nem os seus capangas das Empresas Municipais, seja lá isso o que for, são donos da cidade.

A cidade foi, é e será sempre dos pombalenses. E isto é um direito que reputo inalienável, por mais democracia delegada que seja invocada.

Há bens que são inegociáveis. Julgava que a dignidade dos cidadãos, qualquer cidadão, era um desses bens!


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