Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

quinta-feira, dezembro 31, 2009

FUMUM BONI IURIS



Não, não estou optimista. Como poderia estar? Olhamos o mundo através das janelas dos jornais e da televisão e o que vemos é mais aterrorizante de cada vez que olhamos.

Por onde escorreram as nossas esperanças? Nem dentro de mim encontro alguma paz... Tudo parece agravar-se enquanto o tempo passa: não há propósito de emenda que consiga reconfortar-me... Só me apetece gritar pelas palavras da Florbela Espanca:

«Cheguei a meio da vida já cansada

De tanto caminhar! Já me perdi!

Dum estranho país que nunca vi

Sou neste mundo imenso a exilada

Tanto tenho aprendido e não sei nada.

E as torres de marfim que construí

Em trágica loucura as destruí

Por minhas próprias mãos de mal fadada!

Se eu sempre fui assim este Mar morto:

Mar sem marés, sem vagas e sem porto

Onde velas de sonho se rasgaram!

Caravelas doiradas a bailar...

Ai quem me dera as que eu deitei ao Mar!

As que eu lancei à vida, e não voltaram!...»

Muito bom ano (o possível ano) de 2010.


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1 Comments:

At 8:26 da tarde, Blogger JA said...

Mesmo que a nossa personalidade se caracterize por um franco optimismo, é extremamente díficil manter essa postura mesmo quando vemos que o mundo é cada vez um sitio pior para se viver. E quando um certo pessimismo, muitas vezes apenas realismo, se acerca do nosso ser, torna-se fundamental que deixemos que os outros nos puxem de novo para o caminho optimista e de progresso. Enquanto acreditarmos, tudo é possível, e mesmo que tenhamos noção de que o mundo jamais será um lugar perfeito, devemos viver a perfeição de pequenos momentos que este nos proporciona.
Por vezes, basta um pequeno gesto de afecto, uma frase, uma paisagem, um silêncio, uma energia sem origem conhecida, para nos fazer voltar a acreditar.

 

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