FUMUM BONI IURIS
Não, não estou optimista. Como poderia estar? Olhamos o mundo através das janelas dos jornais e da televisão e o que vemos é mais aterrorizante de cada vez que olhamos.
Por onde escorreram as nossas esperanças? Nem dentro de mim encontro alguma paz... Tudo parece agravar-se enquanto o tempo passa: não há propósito de emenda que consiga reconfortar-me... Só me apetece gritar pelas palavras da Florbela Espanca:
«Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada
Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de mal fadada!
Se eu sempre fui assim este Mar morto:
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonho se rasgaram!
Caravelas doiradas a bailar...
Ai quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!...»
Muito bom ano (o possível ano) de 2010.
Etiquetas: Ano_Novo, Desânimo, Florbela_Espanca
1 Comments:
Mesmo que a nossa personalidade se caracterize por um franco optimismo, é extremamente díficil manter essa postura mesmo quando vemos que o mundo é cada vez um sitio pior para se viver. E quando um certo pessimismo, muitas vezes apenas realismo, se acerca do nosso ser, torna-se fundamental que deixemos que os outros nos puxem de novo para o caminho optimista e de progresso. Enquanto acreditarmos, tudo é possível, e mesmo que tenhamos noção de que o mundo jamais será um lugar perfeito, devemos viver a perfeição de pequenos momentos que este nos proporciona.
Por vezes, basta um pequeno gesto de afecto, uma frase, uma paisagem, um silêncio, uma energia sem origem conhecida, para nos fazer voltar a acreditar.
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