Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

domingo, janeiro 10, 2010

O imponderável na pesquisa on-line


O Google não prega partidas a ninguém. O que acontece é que as suas potencialidades são tantas que uma palavra, mesmo ao acaso, pode levar-nos a conhecimentos insuspeitados.

Eu pesquisava livros, escritos pelo médico pombalense Amadeu da Cunha Mora, com interesse para o meu novo blogue sobre o Convento de St. António de Pombal, no Cardal, baseado num original que, há mais de quinze anos, me foi cedido numa visita que como adjunto do presidente da Câmara de Pombal, recebi do neto daquele facultativo, João Miguel Mora, e da autora de um trabalho de pesquisa para um seminário de História da Arte, Ana Luísa Pinto.

Pois aconteceu que, ao refinar uma busca, fui parar a esta obra de Luz Soriano, também ele médico e escritor, que na página 291 nos fala do embalsamamento do cadáver do marquês de Pombal.

Numa parte do livro que intitula - Catálogo dos Reitores que tem tido a universidade de Coimbra desde 1537, em que para ali se mudou de todo, até ao dia de hoje (abril de 1860). - diz assim quando fala do seu 41.º Reitor:
« D. José Francisco Miguel António de Mendoça, ... ... No seu tempo morreu desterrado na villa de Pombal, pelas seis horas e meia da tarde de uma quarta feira, 8 de Maio de 1782, o famoso ministro d'el rei D. José I, Sebastião José de Carvalho e Mello, 1.º conde de Oeiras, e 1.º marquez de Pombal: foi o seu cadaver aberto, e embalsamado por José Corrêa Picanço, a quem elle fizera lente de cirurgia na universidade. Tirando-se-lhe do peito o coração, achou-se que tinha palmo e meio de comprido, bem como 53 pedras, que estavam espalhadas pela base delle, e eram do tamanho de grãos de bico, não fallando na que tambem se lhe achou na via anterior, que ainda era maior do que aquellas. Depois de embalsamado foi o mesmo cadaver conduzido da casa para a igreja do ex-convento de Santo António da dita villa em um coche porque pucharam tres parelhas na noute de sabbado, 11 do dito mez. À porta da espectiva igreja o estavam esperando o bispo da diocese, D. Francisco de Lemos, de capa magna, cantando, e tocando as musicas de Coimbra e Leiria um responsorio no meio de muita clerezia, e concorrencia de povo. O sermão de exequias foi obra do magnifico orador sagrado, Fr. Joaquim de Santa Clara, monge da ordem de S. Bento, e mais tarde arcebispo d'Evora. Em junho de 1856 foram os despojos mortaes do marquez de Pombal trasladados d'aquella villa para a sua capella de Nossa Senhora das Mercês na rua Formosa de Lisboa, indo primeiro receber os sufragios , que na igreja de Santo Antonio da Sé lhe mandara rezar a respectiva camara municipal, em attenção aos importantes serviços, que o fallecido fizera à capital na sua reedificação, por ocasião do terrivel terramoto do 1.º de novembro de 1755.»

Pelo menos não podem dizer que os lisboetas são ingratos.

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