Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

terça-feira, março 16, 2010

Nem tudo está podre, ou é barulhento, no reino de Pombal


No Arquivo Municipal de Pombal, sito na Praça Marquês de Pombal, nesta cidade, está patente uma exposição muito agradável: - vê-se e aprende-se!
Pena é que o contributo da imprensa pombalense seja tão fraco comparado com a representação de Figueiró, Pedrógão, Alvaiázere ou mesmo Ansião. E Pombal, que hoje apenas detém um apagado jornalzinho provinciano o «Correio de Pombal», teve nos fins do Séc. XIX, início do Séc. XX, vários órgãos de imprensa local de conteúdo ideológico bem definido, de escorreita redacção, de publicação de ideias e cultura.
Pasme-se, com menos gente e mais analfabetos, lá iam apresentando as suas páginas tipograficamente bem alinhadas, com uma paginação que, embora sóbria, trazia implícita uma clara intenção estética e de facilidade de consulta. Poderão os jornais de hoje gabar-se disso? Alguns sim outros não, mesmo a nível nacional.
E houve em Pombal um “O Cão de Fila”, em 1865 e 1866; um "O Progresso Pombalense", em 1877, que, a partir de 1881, passou a ser simplesmente "O Pombalense"; um "O Correio de Pombal", em 1866; um "A Defesa", em 1892, para contrapor ideologicamente o Correio; um "O Cardal, echo da aldeia", em 1895; um "O Imparcial", em 1909; um "O Tribunal", em 1910. De vida muito efémera apareceram ainda no inicio da república, "O Operário", um único número em 1914, "A União", em 1918, "A Acção Desportiva", em 1924, "O Desporto", na mesma data, um novo "O Pombalense", em 1925 e que desapareceu logo no ano seguinte, na voragem do 28 de Maio de 1926. O Estado Novo estabeleceu, em Pombal, a sua própria produção ideológica, com "O Desporto" e "A Voz de Pombal", em 1929, "O Eco de Pombal", em 1932 que ainda se vai publicando, nos nossos dias, gratuitamente e uma vez por mês para não perderem o direito ao título, o "Terra Mãe", em 1934, "O Notícias de Pombal", em 1954.
Modernamente apareceram "O Voz do Arunca", "O Notícias do Centro" e mais uns quantos que não recordo, tão rápida foi a sua passagem pela sociedade pombalense, e foi ressuscitado "O Correio de Pombal", o único que ainda dura.
Só queria deixar uma pergunta:
Em 1994/1997 havia (eu vi) atados de jornais no forro do telhado da igreja e outras dependências do Convento do Cardal. Quem autorizou que esses exemplares fossem para a lixeira? Porque é que os jornais (nacionais e locais) que começaram a estar disponíveis logo nas instalações da Biblioteca Gulbenkian , no Cardal, diariamente para leitura pública, nunca foram catalogados nem arquivados, de modo a serem facultados a qualquer interessado que os requisitasse? Porque foram, também, na voragem das obras que se fizeram nos telhados dos Paços do Concelho?
Será o advento de uma nova era cultural e documental sem Papéis?

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