Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

sábado, fevereiro 07, 2015

AINDA A TRAMPA EM QUE ESTÃO A TRANSFORMAR A EUROPA

Os jornais continuam a desesperar-nos. Nada de positivo avança. Grécia, todos contra; Ucrânia, nem sim nem não, apenas nim.
Que é feito dos valores humanos respeitados por todos os europeus antes desta união fictícia? Quando ainda no Liceu, logo a seguir a II Grande Guerra, se começou a falar de um mercado único, como se tinha feito recentemente com a BENELUX, todos críamos que as pátria se manteriam, isto é, que a multi-culturalidade europeia não fosse adulterada por uma união uniformizada, e muita gente alertou para a tentação dominadora dos ingleses, ou dos franceses, ou a mais perigosa, ontem como hoje, da Alemanha.
Havia um movimento internacional da direita (proibido em Portugal), a «Jeune Europe», a que aderi nas ilusões da juventude. Mas, embora tendo aprendido bastante, sobre política e acção directa, cedo desconfiei (todas as ideias revolucionárias nos parecem lindas no seu começo) da criação de uma Europa como uma só nação, um só governo, mesmo numa versão federal.
Aliás já se adivinhava o falhanço dessa americanização da Europa. A tradição europeia era muito diferente de algumas tradições coloniais que se criaram como países federados, que correspondiam, salvo seja, a conceitos sociais e da pessoa, muito diferentes do que sempre se vivera na Europa. (Eram europeus de refugo, principalmente muitos dos colonizadores dos séculos XVIII, XIX e XX.)*
A Europa já conhecera, ao correr da sua longa História, dois ideias ( ou práticas) políticas, e que ambas, por motivos diferentes tinham falhado: A ideia imperial dos romanos que muitos chefes europeus foram cultivando e derrotando ao longo dos séculos, e a ideia grega, que funcionou como como cultura e civilização de pequenas repúblicas ou reinos independentes mas com a mesma cultura de costumes, deuses e língua e que se esvaziou de significado político, logo que um chefe Grego, se se pode chamar grego a um Macedónio, se lembrou de conquistar um grande Império.
O desmembrar, mesmo que violento do Império de Alexandre Magno, deu grandes frutos culturais nas novas culturas do oriente europeu e da parte ocidental das penínsulas e outra partes do continente asiático.
A ideia imperial dos romanos foi-se aguentando até ao alvorecer da Idade Média, mas logo que o exército romano deixou de sr romano e passou a acolher milhares e milhares de mercenários, desapareceu. Há várias razões para isso: a baixa natalidade dos romanos, o judaísmo e cristianismo que dava coesão aos estrangeiros cada vez mais numerosos em Roma e aos bárbaros, muitos deles cristianizados ou dispostos a deixarem-se baptizar, sedentos que estavam, de riquezas a qualquer preço. Mesmo que isso implicasse a renúncia às suas tradições religiosas ancestrais.
Hoje voltamos a viver numa Europa rodeada de bárbaros, sedentos das riquezas acumuladas e conhecedores das fraquezas pseudo-humanistas dos europeus. As migrações de africanos, asiáticos e americanos para a Europa são o equivalente contemporâneo das invasões bárbaras que deram origem a uma nova época, na altura a Idade Média, agora uma outra cujo nome ainda não sabemos.
* (Embora entre eles surgissem, mas isolados, homens de altíssima estatura moral, que a populaça odiava e eliminava sempre que podia.)

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