Pai, diga-me lá para que serve a História.

deste espaço urbano único, que já foram destruídos.
Quem lê a edição de ontem de “O Correio de Pombal”, logo na Primeira Página encontra um título fabuloso: «Achados atrasam obras. Requalificação (que palavrão!) do Castelo avança a conta gotas. Descobertas arqueológicas podem comprometer prazo previsto para a conclusão.»
Tal título permite supor, lógica e imediatamente, que o jornalista ou a empresa proprietária do jornal deverão ter interesses na construção civil e empreitadas. São estas pessoas, geralmente, as menos interessadas em que se encontrem vestígios do passado nas obras e muitos, ao longo do tempo, os tem ocultado ou destruído. Mas nunca nada se tem conseguido provar.
Julgo que se houvesse alguém medianamente culto na Câmara Municipal de Pombal seria suposto prever a existência de vestígios do passado em qualquer movimentação de terras na encosta do Castelo. Claro que ainda há gente que pensa que arqueologia é só pré-história, não se apercebe que o estudo do passado foi há muito alargado e hoje hoje já se investigam e escrevem estudos de Arqueologia Industrial que revelam vestígios, alguns com menos de cinquenta anos.
No solo da Zona Histórica de Pombal e envolvente do Castelo, incluindo o espaço do cemitério e a baixa dos Chãos e do Casarelo, é expectável a existência de vestígios de civilizações e culturas pretéritas, tais como: castreja pré-romana, romana, bárbara – suevos, alanos, vândalos, visigodos, - vestígios da grande cultura mourisca, seguindo-se os da reconquista cristã e todas as formas de vida da sociedade portuguesa nos vários séculos – XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX e XX.
Do século XXI também nós deixaremos vestígios e espero ardentemente que não sejam os das destruições que temos vindo, quase sistematicamente, a provocar.
Não há uma Carta Arqueológica do Concelho de Pombal e não pode ser feita por um único arqueólogo ou historiador. Necessita, a sua execução, uma verdadeira equipa multidisciplinar em trabalho de campanha profícuo e continuado.
De todo o período histórico de Pombal é mais o que não sabemos do que aquilo que conhecemos.
Queremos continuar à deriva, sem sabermos que futuro gerar com o nosso presente por desconhecimento do que fomos no passado?
Será que queremos um Pombal filho de pais e mães incógnitos?
Etiquetas: Casa onde faleceu o Marquês de Pombal, Cultura, História, O Correio de Pombal, Pombal, Praça Marquês de Pombal
3 Comments:
Cada vez mais enjeitados somos, disso não haja dúvida, apesar de ser sempre um concelho humanista e solidário...
Cada vez que olho para esta fotografia e actual praça não posso deixar de pensar: mas que mal fizeram as árvores aos arquitectos?
Boa noite Professor,
Como é que o posso contactar a propósito do colóquio que usa esta bela imagem da nossa praça para se fazer representar?
Até breve.
Este modus operandi não é de hoje. Em nome dessa mesma modernidade foram picados os azulejos originais e as pedras tumulares da igreja matriz retratada. E ainda dizem que a história não se repete...
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