Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Sem Rei nem Roque.


Andam lá por cima, no Castelo de Pombal, a fazer obras que, levianamente, o IGESPAR autorizou, sem ordenar que se fizesse, junto às muralhas e nas ruínas da Igreja de Santa Maria, a prévia exploração arqueológica.

Dizem-nos que a empresa adjudicatária tem arqueólogos atentos a possíveis achados e eu acho muita graça... A empresa que construiu o parque subterrâneo na Praça Velha também tinha, acharam alguma coisa?

Quem pode ser tão néscio que acredite que uma empresa cujo objectivo é o lucro e despachar a empreitada o mais depressa possível, vai atrasar uma obra, voluntariamente, para fazer prospecção arqueológica? Supomos que sendo os arqueólogos, sócios ou colaboradores de uma empresa paga pelo empreiteiro, só farão descobertas arqueológicas se ele consentir ou estas lhes puderem proporcionar lucros superiores aos réditos que a Empresa Construtora lhes paga. Será possível passarem-se quase mil anos sobre um local permanentemente habitado e não se encontrar nada? Nem um miserável artefacto sem valor?

Só não percebo é porque o mesmo IGESPAR manda parar as obras da Igreja do Cardal e deixa mexer no que resta da Igreja de Santa Maria do Castelo.

Devíamos ainda considerar os aterros e desaterros que se estão a fazer no Casarelo. As cartas topográficas apontam para locais de ruínas a sueste do castelo e um deles está assinalado com uma cruz que pode indicar restos de cruzeiro ou capela. E se estivessem por ali as ruínas da Igreja de S. Pedro que se sumiu sem deixar rasto?

Que povo despreza assim as suas raízes?


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6 Comments:

At 5:01 da manhã, Blogger AMFM said...

A questão que se levanta é a falta de conhecimento da cripta, pertença da capela adjacente ao castelo, Igreja de Santa Maria portanto. Quem foi lá e sabe do assunto nunca comentou, os achados na altura, esses sim foram sem duvida uma "loucura", o que preencheu imenso certos espólios de casas de Pombal. Durante séculos a cripta permaneceu completamente selada, o que permite ter uma ideia dos artefactos que nela estariam depositados, seriam séculos de historia importantíssimos e claro que, uma mais valia para o município. A cripta tem uma ligação com a igreja matriz, sendo que um outro espaço teria continuidade para o lado oposto. É pertinente que alerte e revele estes pequenos "podres". Existem ainda muitas outras situações semelhantes que se desconhece, e felizmente algumas estarão melhores assim. A malta vai gozando e aproveitando, quem sabe, sabe, quem não sabe continua a bater na mesma tecla, interessado em ninharias.
Cumprimentos

 
At 10:19 da manhã, Anonymous SMedeiros said...

Todos os Castelos (templários ou não) têm lendas de túneis, talvez por causa do famoso castelo templário de Acre no Líbano, onde realmente existe um túnel de "fuga"

A cripta não duvido que exista. Agora túneis, da Igreja do Castelo à Matriz!!!! Só a sonhar mesmo...

Da cisterna do Castelo também se diz(ia) que tem um túnel até cá abaixo!!! E eu pergunto, ONDE?

Professor, a Igreja (visigótica ou sueva) de S.Pedro será(?)+/- sob aquela capela que existe no cemitério, claro sem escavação nunca o saberemos.

Sobre outros achados, eu tenho uma moeda (ainda) não identificada, encontrada na rampa de entrada para o Castelo, antes das obras. Se houver interessados em conhecê-la e talvez identificá-la, é só dizer...

 
At 1:58 da tarde, Blogger AMFM said...

Caro SMedeiros, ignoro se é natural de Pombal ou não, mas para sua informação é de facto verdade. No entanto, e visto que, a descoberta foi feita por algumas personalidades da época o caso foi pouco esclarecido. O espólio que ainda se pode encontrar fala por si. E visto ser um entusiasta da historia, saberá com certeza que mesmo sendo uma fortificação militar, tendo uma igreja, terá quase obrigatoriamente uma cripta. Em relação a outros supostos túneis, é falso. As cisternas são de construção recente, só um individuo com uma fraca luzinha não o vê. Mas pergunto-me se saberá ainda da "famosa" loja secretíssima fundada pelo nosso Marques de Pombal, em Pombal, nos anos do seu exílio. Pois não me parece. Mas olhe que é um facto, procure bem.
Cumprimentos

 
At 11:07 da manhã, Anonymous SMedeiros said...

Caro/a AMFM:

Que razões tem para afirmar que a cisterna é de construção recente?

Se a dita cripta existe desafio-o a divulgar quem tem parte desse espólio encontrado na altura e que casas os detêm.

Sobre o Marquês desconheço tal facto, aliás nunca fui grande admirador de tal figura.

Se acha que tem dados relevantes sobre Pombal e sua história divulgue-os, e não faça que esses tais que "descobriram" e arrecadaram para si o "tesouro".

Digo-lhe que faço parte daqueles que divulgam o que encontram...

E sou Pombalense sim!!!!

PS: deixo-lhe o meu contacto, caso queira falar desses enigmas (subterrâneos) de Pombal:
snmedeiros@gmail.com

 
At 1:23 da manhã, Blogger Nelson Pedrosa said...

Boa noite,
Efectivamente a Igreja de Santa Maria do Castelo teve várias sepulturas, basta ler o Santuário Mariano para o confirmar...
Se existe uma cripta?! Sinceramente não o posso confirmar, nem possuo dados que o confirmem... Mas já imensas vezes o Faria me contou uma dessas histórias, infelizmente nunca tive a possibilidade de confirmar... mas gostava de o confirmar...
Relativamente ao túnel do Castelo até ao Cardal, isso só mesmo para quem gosta de ficção...
Houve outrora a Porta da Traição (tal como todos os castelos tiveram!)que, no caso de Pombal, ficaria do lado da barbacã, que é o último reduto defensivo (externo) do Castelo.
Ainda essa "famosa" loja secretíssima fundada pelo nosso Marques de Pombal, onde seria? Ou será mais uma lenda como a da construção do edificio da Cadeia Velha?!
Sr. AMFM se tem esse conhecimento, ficava grato que o partilhasse comigo. Sou Pombalense e investigador da sua história..
Deixo-lhe o meu contacto:
nelson.pedrosa@gmail.com

 
At 8:52 da tarde, Blogger Professor said...

Caros comentadores, obrigado por virem até aqui e deixarem as vossas opiniões. Habituei-me há muito (ainda funcionava o célebre Bar da Shell) a saber quanto os pombalenses eram discretos (dissimulados) na comunicação daquilo que consideravam os seus segredos.Como em todas as terras havia histórias de riquezas e misérias de famílias e pessoas em que ninguém queria falar. Paulatinamente fui-me habituando. Cheguei a estar colocado na Foz das Casinhas, em Odemira. Estive também numa aldeia pertinho das Caldas da Rainha. Nestas terras há uma certa promiscuidade entre Caixeiros Viajantes e Professores. Longe de suas casas, é uma forma de conversar com alguém que trás notícias de longe, às vezes até das nossas terras de coração. Mesmo sem dar por isso, os clientes, porque julgam que o forasteiro vai e não se interessa, servem de confidências de dívidas, gastos ao jogo, jogadas de usurpação de propriedades, roubos, mesmo com violência, que estão na base de certas fortunas locais. Em Lisboa enquanto lá morei, na juventude, era amigo de um sacristão de uma igreja da capital. Um dia arredámos um enorme arcaz da sacristia e por baixo dele umas tábuas soltas davam acesso a uma cripta de duas pequenas salas ligadas por um pórtico estreito e com cerca de oito sepulturas (esqueletos) em cada um. Todos lampeiros da nossa descoberta fomos informar o prior da freguesia que, muito zangado, nos mandou repormos o arcaz no sítio e ficarmos caladinhos sobre a cripta. Era adolescente (14 ou 15 anos) mas nunca mais me esqueci. Há medida que ia aumentando os meus conhecimentos de História comecei a aperceber-me que muitas capelas, igrejas e conventos, especialmente as mais ricas, tinham criptas que só alguns conheciam e que eram ciosamente mantidas longe do conhecimento geral. Não me admirava nada que Santa Maria, São Martinho, S. Pedro e até o Convento do Cardal tivesse tido espaços desses para preservação das ricas alfaias do culto, que franceses e ingleses tentaram pilhar mas que podem ter escapado a esses saqueadores a ter caído nas mãos dos beligerantes das guerras liberais e depois nas dos "honrados" republicanos na sua raiva anti-clerical. Tudo isto dava assunto a muitos textos em blogues, jornais ou livros mas convenhamos que é matéria perigosa, tantos são os interesses e os melindres envolvidos.
Vou continuar a reunir as minhas memórias e a tentar saber mais sobre estes templos da nossa cidade.
Muito obrigado, Saudações.

 

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