Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

sexta-feira, setembro 29, 2006

Questões de lana-caprina?

Por motivos da minha vida privada não pude, como desejava, ir assistir aos debates da Assembleia Municipal. (Ainda haverá debates? É que já lá não vou quase há dez anos.)
Veremos se amanhã, os posuidores de blogues cá da terra nos dão notícia do que lá se passou que os jornais só para a semana são actualizados.
É que, segundo os periódicos locais, a sessão prometia!

quinta-feira, setembro 28, 2006

Presente, passado e futuro


Ontem no “Esquina”, olhei à minha volta com atenção coisa que já há muito tempo não fazia. Tenho andado neura, desinteressado bastante do que me rodeia. Tento olhar e parece-me que só me vejo a mim.
Reparei que as mulheres da cidade andam mais tristes ou sou eu que as estou a ver com os olhos da minha tristeza.
Os seus semblantes estão como que toldados, a beleza que em muitas existe está baça (como que vista através de uma névoa), os sorrisos forçados, artificiais e soando a falso, o riso ausente… Porque será?

Também ontem acabei de ler o livro de memórias de Maria Filomena Mónica – “Bilhete de Identidade”.
Senti angústia nas frases daquela mulher! O livro é quase inútil e incompreensível se não nos concentrarmos na situação extrema em que se encontra a escritora – Alzheimer da mãe – que a obriga a revirar-se toda interiormente como se usa fazer às tripas dos enchidos para as lavar e preparar para receberem o recheio.

Sou mais velho que ela meia dúzia de anos mas grande parte dos espaços a que se refere, são espaços coincidentes com alguns dos meus, em Lisboa, na mesma época – “Vavá”; “Campo Grande”; “Biblioteca Nacional” e outros locais da capital nos anos sessenta.
Alguns nomes das personagens citadas ouvi-os nos anos quarenta e cinquenta nos Médicos da Caixa, na Escola Primária e no Liceu: O médico Salazar de Sousa, que a tratou da disenteria em Cascais, foi meu médico de família na Caixa de Previdência dos Empregados e Operários da Companhia das Águas de Lisboa; e apelidos de Guardiola, Correia Guedes, Pinto Coelho, Cunha Teles e Galvão Teles, eram apelidos que usavam alguns colegas da Escola Primaria do Campo Grande, os dois primeiros se a memória não me falha, e os outros no Liceu Camões.
Ela era a menina bem burguesa e eles da mesma maneira, eu era o menino rude e proletário. Quando entrei no primeiro ciclo do liceu em Outubro de 1948 que me lembre, em todo o primeiro ano, havia só quatro filhos de proletários: eu e o Eduardo, filhos de motoristas - o meu pai da CAL o dele da CARRIS, o filho de um polícia, cujo nome não recordo e o filho de um solado da Guarda Republicana com quem andava muitas vezes à porrada e cujo nome esqueci.

Hoje comecei a ler «A Ilusão Neoliberal». Acho que vou gostar muito, pois está em desacordo com quase tudo o que os governos hodiernos na Europa estão a fazer.

IMAGEM DA FRONTARIA DO LICEU DE CAMÕES EM 1910, RECOLHIDA NA NET EM :

http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/lugares/osantigosliceu/newpage15.htm

quarta-feira, setembro 27, 2006

Sinais!




Já ontem um comentador anónimo, que prezo tanto quanto os que se identificam, havia comentado no TOMBUCTU (o meu outro blogue no Sapo) que lhe parecia que o sinal do início da Travessa do Cais já havia sido substituído.

Hoje, a primeira coisa que fiz quando saí, foi ir verificar. É verdade, o sinal foi substituído.

Agora já podemos aceder ao Parque de Estacionamento sem infringir o Código da Estrada.

A Câmara às vezes, quando é alertada, até trabalha rápido. Parabéns!

terça-feira, setembro 26, 2006

Que amor podem criar às suas terras estas crianças?

Neste nosso Portugal têm-se feito reformas no Sistema Educativo que, se a palavra não fosse tão gravosa, eu apelidaria de criminosas.
Reforma-se porque está na moda, ninguém avalia os passos que já foram dados mesmo que tenham sido úteis à sociedade.

O Ditador, abria escolas nos mais distantes e inóspitos lugares para puxar pelo povo, estes Socialistas fecham-nas porque é muito caro mantê-las abertas.
Sem dó nem piedade, mesmo que os meninos se levantem de madrugada, cheguem, depois de uma hora ou mais de viagem, sonolentos à escola, e regressem a casa já depois do sol-posto.
Que amor estas crianças podem criar às suas terras? Mal as vêem, nunca vão brincar nelas; os rios e os cabeços, os prados e os bosques vão ser para eles coisas estranhas que os de fora vão poder destruir à vontade sem que eles sintam qualquer raiva e se oponham a isso!

Que interesse terão estes futuros cidadãos em defender as suas terras despovoadas, por exemplo, dos fogos florestais?

segunda-feira, setembro 25, 2006

Infrigimos o Código para estacionar





Esteve, ou está, em discussão pública a reorganização do trânsito na pseudo zona histórica de Pombal.Outros dizem que o tal parque da Praça Nova, antiga "Praça Velha", vulgo Praça Marquês de Pombal, com um horário bem definido (08H00 às 20H00) - à noite não há estacionamento para ninguém! - já está em funcionamento. Já fiz notar noutro blogue pombalense "Sitio do Pimpas" que a entrada pela Travessa do Cais se fazia em contra-mão.Parece que ninguém ligou a isso pois o sinal de sentido proibido ainda lá está.Venho pois, "respeitosamente", propôr à excelentíssima câmara que mude o sinal de sentido proibido para rua sem saída, como a imagem deste post sugere, para evitar que os utilizadores do parque possam sentir complexos de culpa por infringirem o "Código da Estrada"

segunda-feira, setembro 18, 2006

Terciarização de Pombal

O que se está a passar com Pombal é um fenómeno comum a bastantes cidades: - A terciarização da sua actividade económica, o envelhecimento dos residentes e a degradação dos prédios de habitação do centro da cidade.
Os prédios antigos não são recuperados, são demolidos e, em seu lugar, constroem-se prédios modernos vocacionados para escritórios e lojas, preterindo a ocupação habitacional. Isto gera um ermamento dos centros, incluindo os históricos, deslocando-se as populações para as periferias.
É fácil verificar que depois das 21 horas, nos dias úteis, e aos sábados e domingos (tirando o breve período das horas das missas) o centro de Pombal é um deserto.
Centros Comercias à média luz, com os seus espaços comerciais fechados a partir das 21 horas, ruas desertas onde até cafés, que até há bem poucos anos, ofereciam as suas mesas para uma bebida e conversas longas entre amigos, estão agora fechados e de luzes economicamente apagadas.
Não passa ninguém com aspecto normal e, por isso, surgem aqueles jovens mais ou menos "enragées", muitos “blacks” e imigrantes de outras etnias, falando alto, marmelando sentados pelos mais variados sítios, incluindo aquele arremedo de "pelourinho" na Praça 5 de Outubro, obrigando as abnegadas forças da PSP a vigilância redobrada. Queixa-se um outro blogueiro pombalense, o “Palumbar”, de que o centro de Pombal e algumas outras ruas têm pouca iluminação. Mas será que faz falta mais iluminação? É que estas actividades, mais ou menos paralelas, mais ou menos erotizadas, mais ou menos narcotizadas, não necessitam de muita luz. E o economicismo dominante exige medidas de contenção.
Depois, há certas ruas que, se mais iluminadas, iriam perder a sua função social de permitirem o discreto embarque em automóveis, de mais ou menos topo de gama, das respeitáveis meninas e senhoras sobre as quais deve impender o mais discreto anonimato.
Infelizmente isto não é pecha nossa, em Lisboa já é assim há muito tempo! Mas eu depositei tantas esperanças em Pombal!