Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

sexta-feira, junho 10, 2011

DIA DE CAMÕES

O orgulho que eu tinha!
Ter nascido em Portugal era uma honra, uma bênção que todos os dias se agradecia aos céus. E não havia dúvidas.
Hoje, já não acredito.
Vivemos o Tempo da Vitória do Velho do Restelo.
Pobre Camões, pobre Portugal.



« Mas um velho de aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:

- Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça,
Cua aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!

Dura inquietação da alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios;
Chamam-te ilustre chamam-te subida,
Sendo digna de infantes vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com que se o povo néscio engana.

A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?

LUÍS DE CAMÕES, LUSÍADAS, Canto IV, Estrofes 94, 97.

segunda-feira, junho 06, 2011

A MORTE DE NARCISO