Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

segunda-feira, março 21, 2011

Carta dada em Madrid, a 21 de Março de 1611


Ainda no ramo da família, mas não coincidente com o ramo dos Alcaides de Pombal, D. Rui Mendes de Vasconcelos, que foi Capitão General de Tânger, recebeu, nesta data, a confirmação real do seu Título: 1.º Conde de Castelo Melhor, outorgada por Filipe III de Espanha, II de Portugal.
O alcaide e comendador de Pombal só começou a ser a mesma pessoa, com o 2.º Conde, e daí para a frente, sendo o mais conhecido deles, o 3.º Conde de Castelo Melhor, D. Luís de Vasconcelos e Sousa, que entre 1662 e 1667 segurou, com a sua inteligência e habilidade política, o poder do rei, D. Afonso VI. Demitiu-se, possivelmente em 13 de Setembro deste último ano, quando confrontado hostilmente com a rainha D. Maria Francisca Isabel de Sabóia (agente evidente dos interesses franceses na corte portuguesa), judiciosamente pensando, que era mais útil para o Reino abandonar a Corte e deixar, ao Infante D. Pedro, caminho aberto para tomar o poder e a mulher ao Rei. Até Torres Vedras, foi escoltado por uma formação de cavalaria que o Conde dispensou nesta Vila, mandando-a de regresso a Lisboa, permanecendo, Castelo Melhor, ainda algum tempo no Convento dos Arrábidos. Em seguida, acompanhado por um grupo restrito de criados passou incógnito a Pombal, de onde era Alcaide e natural. O caminho daqui até Inglaterra gostava eu de o conhecer em pormenor. Vou tentar, com as leituras que forem possíveis, reconstituir essa perigosa aventura, onde até teve e se defender, à espada, de rufias numa taberna ou estalagem em Sevilha.

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terça-feira, março 08, 2011

RUA DOS CONDES


















Tenho falado neste blogue e mais especificamente em http://cardal.blogs.sapo.pt, do Conde de Castelo Melhor. Provavelmente, D. Luís de Vasconcelos e Sousa, nasceu em Pombal e morreu em Lisboa. Exactamente o contrário do Marquês de Pombal que nasceu em Lisboa e veio morrer a Pombal. Mas, em Lisboa, quando não estava na corte, onde residia este 3.º Conde de Castelo Melhor?
Antes do terramoto de 1755, havia aqui onde nesta foto, em frente do cinema Condes, se vêem vários prédios era o palácio do nosso alcaide. Todo este terreno, ao fundo da Avenida da Liberdade e o que subia até ao Bairro Alto era dele. No sítio onde está o cinema e até à outra esquina onde é hoje a sede da EPAL, era o palácio do 3.º Conde da Ericeira, família de onde veio mais tarde a emergir o Marquês do Louriçal. A família dos Vasconcelos e Sousa era e é uma das grandes famílias de Portugal. Agora que se aproxima o aniversário da criação do Condado de Castelo Melhor, acho pertinente falar-se disto, aqui em Pombal. É que foi num dos alcaides e comendadores de Pombal que foi cair a honra dessa distinção por parte do rei de Portugal D. Filipe II., terceiro desse nome em Espanha.
Certamente era bonito o Agrupamento de Escolas do Conde de Castelo Melhor, lembrar-se de comemorar essa data. Esperemos para ver. Ainda há muita gente por aqui a pensar que a História não serve para nada. Mas, parece, que já alguns pensadores romanos diziam que quem renega a sua história não merece nenhum futuro.

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quarta-feira, março 02, 2011

DESCULPA, VICTOR SAMPAIO E MELO, MAS ESTA TINHA DE VIR PARA AQUI.









Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas. (mas podia passar-se hoje...). Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo.

A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros. Olhando retrospectivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer "sina" nos condenava a esta permanente "décalage". E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal "partira" bem:

- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.

O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:

- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.

- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?

- Nós descendemos dos que ficaram por aqui...


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