Blogue do Maia de Carvalho

POR TRÁS DE CADA GRANDE FORTUNA HÁ UM CRIME. Honoré de Balzac

domingo, agosto 31, 2008

AFINAL EM QUE FICAMOS?

Imagem de "Região de Leiria " de 25-07-2008


Recentemente, nos órgãos de comunicação social local, regional e nacional, apareceram notícias sobre a destituição do Vice-presidente da Câmara, Diogo Mateus, por excesso de protagonismo.

Do “Região de Leiria”, http://www.regiaodeleiria.pt/index.php?lop=conteudo&op=9cfdf10e8fc047a44b08ed031e1f0ed1&id=a9be82776dff164f235654a564a3e159, destaco dois parágrafos bem evidentes da coerência usada pelo Presidente da Câmara de Pombal, na apreciação do próprio poder autárquico a que preside.

«“Temos que ser humildes e de estar com espírito de equipa e darmos o nosso contributo ao grupo”, até porque a vereação é um “órgão colegial”, acrescentou o autarca, que não quis comentar em particular a actuação de Diogo Mateus.»

«Ainda segundo a “Rádio Cardal”, Narciso Mota terá afirmado que é “soberano” nas suas decisões e que não tem de dar satisfações a ninguém.»

Afinal em que ficamos? A Câmara Municipal é um órgão colegial, como quer a Constituição da República, ou depende só, e em exclusivo, do presidente todo-poderoso?

Se calhar aquele “Haja um Deus que nos governe”, ouvido tantas vezes nos corredores e gabinetes dos Paços do Concelho, saído dos músculos fonadores do presidente, é mesmo para ser tomado a sério: nasceu um deus em Pombal, logo a seguir ao já longínquo Natal de 1993 do século passado!



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sábado, agosto 30, 2008

PAUSA PARA CAFÉ E LEITURA


Estou a ler vários livros ao mesmo tempoEstou a ler vários livros ao mesmo tempo. É um costume já antigo, gosto de, quando já estou farto de uma história, passar para outra. Depois há certas subtilezas da escrita que só se degustam bem quando podemos parar para pensar, é estimulante ler-se um livro para descansar de um outro, enquanto que lá dentro do pensamento (que Fernando Pessoa dizia que “não há um lá dentro nem um lá fora”), se vão completando os entendimento, compreensão e apropriação da coisa lida. A memória é um estranho labirinto onde estamos sempre a perdermo-nos e a encontrarmo-nos, quando falamos ou escrevemos. Mas queria eu dizer que acabei de ler a Tieta do Agreste, de Jorge Amado que estava a ler enquanto ia lendo as curtas narrativas que várias vezes por semana se distribuem gratuitamente com o jornal Diário de Notícias, juntamente com, o Contraponto, de Aldous Huxley e a Lã e a Neve, de Ferreira de Castro que encontrei, por um euro, num alfarrabista de rua em Ponte do Lima. Curioso, três livros anti-capitalistas que explicam claramente como se forma o Capital em várias épocas da História: sempre roubando o suor e o aforro de quem trabalha.

Um aparte: - Saíram recentemente dois livros de autor pombalense que, embora com paninhos quentes, nos levanta um pouco o véu que vem cobrindo a maneira como algumas famílias nativas e forasteiras enriqueceram. Refiro-me ao Na Terra do Meio-Boi e ao Na Terra da Meia-Vaca, de Maria Luís Brites, cara colega que muito prezo. Claro que o fito principal dos livros era falar de alcunhas, não de política económica local. Quer isto dizer que ainda há em Pombal gente que não alinha cegamente com este “neoliberalismo socialista e social-democrata” que nos governa, salvo seja. Perdoem-me os puristas o conceito antinómico atrás referido.

Tamanha volta só para ter pretexto de transcrever alguns parágrafos da Tieta, deliciosos de tão anti-feministas ou feministas em grau mais elevado, já que tal passagem se refere ao conselho de mulher madura, experiente e sabida.

«- Tieta! Mana!

Tieta aguarda na porta, imóvel, o rosto carrancudo, o olhar frio, hierática. Elisa estende os braços, suplica:

- Me leve com você, mana, não me abandone aqui...

-Já lhe disse...

- Eu quero ser puta em São Paulo. Não me importo.

Astério escuta, perplexo, uma pontada no estômago, a dor aguda. Tieta desvia os olhos da irmã para o cunhado, simpatiza com ele, o bobalhão:

- Cuida da tua mulher, Astério, bota ela na linha, ensina a te respeitar. Uma vez, já lhe disse o que tinha que fazer. Por que não fez?

- Mana, pelo amor de Deus, não me deixe aqui. - Elisa se ajoelha no chão, diante de Tieta.

- Leve ela embora e faça como eu lhe disse, Astério. É agora ou nunca. - Por um momento pousa os olhos na irmã e sente pena. - A casa fica com vocês. Se precisarem de alguma coisa é só mandar dizer. Elisa perde por completo o pundonor e a contenção:

- Me leve, Mãezinha, me bote em sua casa de raparigas.

Tieta olha para o cunhado: e então? Astério liberta-se da perplexidade, da dor de estômago, do preconceito, arranca a venda dos olhos, puxa a esposa pelo braço:

- Levanta! Vamos!

- Me solta!

- Levanta! Não ouviu?

Vibra-lhe a mão na cara. Tieta aprova com a cabeça.

- Obrigado, cunhada, por tudo. Até mais ver.

Empurra Elisa, siderada, em direcção à casa, uma das melhores residências da cidade, adquirida por Tieta para nela um dia vir esperar a morte, devagar, agora posta à disposição da irmã e do cunhado, em usufruto. De empurrão em empurrão, chegam ao quarto de dormir. Elisa tenta escapar:

- Não toque em mim.

O bofetão derruba-a na cama. A camisola enrola-se no pescoço, crescem os quadris na vista turva de Astério.

- Quer ser puta, não é? Pois vai ser é agora mesmo - estende a mão, arranca-lhe o trapo de náilon, a bunda inteira exposta, tanto tempo de jejum.

- Pra começar, vou te comer o rabo!

Um estremeção percorre o corpo de Elisa. Arregala os olhos. Repulsa, medo, espanto, curiosidade, expectativa? Heroína de novela de rádio, agitada por emoções contraditórias.

Ai, pelo amor de Deus! Esposa submissa, sobe de costas o abrupto passo, dobra os ombros sob o peso do lenho - entranhas de fogo e mel, vergalho desabrochando em flor, Elisa rompe a aleluia na noite de Agreste. Ai, o Taco de Ouro! »


TIETA DO AGRESTE

Jorge Amado


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domingo, agosto 24, 2008

As coincidências da Linha do Tua



Portugal chegou a ter uma rede Ferroviária de razoável importância.
Depois começou lenta e ardilosamente a ser desmantelada por razões todas elas absurdas, fazendo crer a toda a gente que era mal administrada por ser do Estado. Concedo que sim, que podia ser mais bem administrada, que menos gente deveria usufruir dos meios e dos quartos de bilhete, que a disciplina dos funcionários devia ser uma exigência imperiosa das chefias que a fiscalização, a formação e a avaliação dos funcionários e dos custos devia ser levada muito a sério mas sem perder de vista que uma rede ferroviária daquela dimensão era um Serviço Público insubstituível.
A descoberta de petróleo em Angola, a consequente construção do terminal petroleiro e demais pólos industriais de Sines, crentes da perpetuidade portuguesa em África, fizeram sucessivos governos pensar em combustível barato ou lucros fáceis para grandes companhias petrolíferas e sua subsequente privatização. As transportadoras também acordaram e cheiraram o perfume do lucro a qualquer preço, surgiram empresas de transporte rodoviário nas mais incríveis aldeias e lugarejos, com materiais de grande tonelagem, compradas no refugo do estrangeiro. Mais recentemente, já com a hipótese ferroviária moribunda, desenvolveu-se a febre das auto-estradas.
Desmantelou-se uma grande companhia a CP em três companhias independentes pensadas já não em Serviço Público mas nas Sacrossantas Leis do Mercado (leia-se lucro a todo o custo e muito) – Uma gere a circulação, os preços, os horários, as localidades servidas, tudo em função do máximo rendimento. – Outra gere a construção e manutenção das ferrovias propriamente ditas, balastros, chulipas, carris, postes e catenária, energia que a percorre. – Outra encarrega-se das mercadorias e do armazenamento das mesmas, fazendo muitas vezes “vaquinhas” com algumas rodoviárias.
A poluição não interessa, o CO2 é uma sigla divertida e o fuel e a gasolina proporcionam bons dividendos a meia dúzia de magnatas.
Depois, o próprio Presidente da Câmara de Mirandela estranha: em mais de cem anos de comboios do estado nenhum acidente grave, num ano de CP privatizada quatro acidentes com destruição de material, mortos, feridos, interrupção do serviço por tempos mais ou menos longos para vistoria, obras e preparação de relatórios que ou não concluem nada ou nunca aparecem.
Coincidência interessante: neste último ano os acidentes ocorreram sempre no troço da linha que se prevê fique sempre submerso seja qual for a cota da barragem.
Ás vezes apetece desabafar: Srs. políticos destruam tudo, tornem-nos reféns das Transportadoras Rodoviárias e das Companhias Petrolíferas. A Natureza cobra sempre o seu tributo, quando não aguentar mais, rebenta. Só é pena o sacrifício de tantas vítimas inocentes!

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sábado, agosto 23, 2008

O LUCRO JUSTIFICARÁ TUDO?


Nunca me passaria pela cabeça que um problema aeronáutico se pudesse resolver à boa maneira Windows / Microsoft ©.
Barajas. Madrid. Voo JK 5022 da Spanair. O piloto anota uma “mensagem de erro”, aborta a descolagem e regressa. Lêem-se os manuais. Nada a assinalar. Liga-se novamente. Arranca-se, levanta-se e cai-se. Centena e meia de vítimas mortais.
Ao menos nos nossos computadores é mas fácil: mensagem de erro, leitura dos manuais do Windows, desliga-se cerca de 15 segundos, volta-se a ligar e tudo corre em boa forma. Mesmo que não corra, pelo menos, não morre ninguém.
Só que os lucros das grandes e muito grandes empresas continuam a subir mesmo com a tão propalada crise. Só as pequenas é que abrem falência e, em alguns casos, poder-se-ia pensar que fraudulentamente.
Porque será que se insiste em privatizar tudo?

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terça-feira, agosto 19, 2008

URBANIZAÇÃO DO CASARELO


Clique na imagem para ampliar. (Era a contra-capa do Boletim Municipal de Dezembro de 1996,

só identifiquei nela os lugares como os conhecemos actualmente.)


Parece que no Casarelo se pode construir tudo excepto o que estava projectado construir-se lá. Nunca me constou que estivesse previsto o estabelecimento naquele espaço urbano de qualquer Centro Comercial ou Grande ou mesmo Média superfície Comercial. O que me parece estar programado eram moradias e casas de habitação, estabelecimentos de apoio comercial, zonas de lazer e desporto e escolas.

Mas isso não deve interessar. É preferível diminuir o espaço vital de desenvolvimento dos alunos da Escola EB2, Marquês de Pombal, atravancando o já exíguo espaço livre com pavilhões para receberem os alunos da Conde de Castelo Melhor, do que construir um Grupo Escolar Novo no Casarelo, como estava projectado desde1996.

A Educação deve ser baratinha. (Com qualidade a condizer) Os meus leitores já pensaram o que seria dos nossos políticos se o nível cultural do nosso povo subisse? Para ser convenientemente manipulado o povo não deve saber muito! Até “o das botas”, que estes nossos políticos de cordel tanto criticam, sabia isso.


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segunda-feira, agosto 18, 2008

Transformar a Escola em Saloon



PROFESSORES DO TEXAS VÃO PODER USAR ARMA NA AULA.

"Director de Educação garante que pretende proteger os alunos"

D.N. de ontem

Estes americanos são loucos!

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domingo, agosto 17, 2008

Estes Criminosos que Governam o Mundo...



Realmente o dinheiro e o poder são as piores invenções da sociedade criada pelo auto-intitulado Homo sapiens.
Não há governos inocentes e empresários inocentes também não.
Os americanos no Afganistão e no Iraque; os russos na Geórgia, há alguma diferença?

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quarta-feira, agosto 06, 2008

COMO EM POMBAL

Diário de Notícias de hoje.
Na Itália também não se permitem veleidades de protagonismo senão ao Chefe.
Só que lá a incultura ainda é maior... O presidente deles(ao contrário do nosso com os vereadores), não tem medo da sombra que lhe possam fazer os seus ministros, teme é o biquinho dos seios da protagonista de "O Tempo que Desvenda a Verdade" de Tiepolo.
Na nossa terra penso que ainda ninguém foi preso por ultrapassar a viatura do Presidente da Câmara. Mas no Barhein quem ultrapassar o carro do Xeique pode ficar sem permissão de conduzir.
Protagonismos!Que havemos de fazer?

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Sempre os mesmos a pagarem as Crises

O Governo continua a querer resolver, em grande parte, os problemas da crise económica que se vive da forma mais fácil, isto é, à custa da redução dos salários da maioria dos trabalhadores e das pensões daqueles que gastaram já grande parte da sua vida ao serviço do Estado e do País.

Entretanto, outros trabalhadores há que, tendo também como pagador o Estado, recebem pensões principescas, sem que, para isso, fosse necessário ter a idade nem o tempo de serviço exigido à generalidade dos trabalhadores para atingirem a aposentação. O valor dessas pensões e as "benesses" que também lhes são atribuídas dariam para pagar a todos os aposentados uma pensão mais justa e equilibrada.

Sindicato dos Professores da Região Centro

Departamento de Professores Aposentados

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segunda-feira, agosto 04, 2008

O HOMEM, ESSE MACACO SÁDICO…

Do DN de hoje (criminosos de guerra)






Desde miúdo que uma ideia parva me persegue: porque razão são sempre os vencidos das Guerras os criminosos?


E se usássemos os mesmos critérios que usamos para considerarmos as acções dos perdedores criminosas aos vencedores? Que trabalheira para o TIP! Que de criminosos por aí à solta, dirigindo prósperos países!


Ter-se-á lembrado alguém de levar ao Tribunal Internacional Penal, algum político em exercício, algum general ainda no activo de um país vencedor?


Razão tinha quem dizia: Como eu amo os cães, agora que conheço os Homens!

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sábado, agosto 02, 2008

GOSTAVA DE TER ESCRITO ISTO

O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.
Vale a pena ler!
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

Recebido por correio electrónico

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